
“Nanã é a mãe dos Pântanos e do barro da vida,
Do pó tú viestes e ao pó de Nanã retornarás. Salubá Nanã!”
Nanã é o orixá mais velho que existe, ela veio antes de Oxalá e Exu. Divindade suprema de Daomeana que impulsionou a existência dos mortais.
Quando Orumilá chegou para frutificar a terra, ela já estava aqui.
O barro é a essência de Nanã. Ela reina e rege os pântanos, que é a mistura de água e barro, de onde se molda os seres.
Uma das mais lindas lendas sobre essa Deusa, conta que na aldeia que Nanã chefiada, quando alguém cometia um crime, era amarrado numa árvore e a deusa chamava os Eguns para assustá-lo.
Oxalá ambicionava esse poder de invocar os mortos, então de forma matreira – Quem diria em Oxalá?! – ele deu uma poção à Nanã que imediatamente caiu-se de amores por ele.
Apaixonada por Oxalá, Nanã dividiu com ele seu reino, mas proibiu a entrada dele no Jardim dos Eguns.
O grande deus da vida, que não era bobo e nem nada, espionou-a e aprendeu o ritual de invocação dos mortos. Não satisfeito, pegou as roupas de Nanã e disfarçou-se de mulher, foi até o Jardim e ordenou a todos os eguns:
“Obedeçam ao homem que vive com Nanã!” – ou seja, ele mesmo. Olha só!
Nanã descobriu o golpe de Oxalá, mas apaixonada por ele como estava, nada pode fazer e aceitou deixar o Poder com o amado marido.
Por isso hoje, no Culto aos Egunguns, só os homens são iniciados para invocar eguns.
Deusa regente das águas paradas, Nanã é o orixá mais antigo do mundo, tão antigo que desconhece o ferro, por ela ser da pré-história, anterior à idade do ferro.
Nanã significa raiz, aquela que se encontra no centro da terra.
Também é a larva das profundezas, ninguém vê ou conhece sua força. A velha divindade das águas.
Usa um cajado, o Ibiri, com o qual “mata de repente, mata uma cabra sem usar faca”.
Nanã tornou-se uma das iabás mais temidas, tanto que, quando seu nome era pronunciado, todos se jogavam ao chão.
Isso a torna uma Deusa Negra, a face sombria da deusa mãe que rege a morte e a vida.
É responsável pelo portal de entrada nesse mundo, a reencarnação. E pelo portal de saída, o desencarne.
Senhora das doenças cancerígenas, protetora dos idosos e dos doentes.
No Brasil, é cultuada como vodum, no candomblé Jeje. Orixá da chuva, das águas paradas, mangue, pântano, terra molhada e lama. Todos os elementos indicando sua origem divina, o princípio de tudo. A vida que vem da morte, pois os peixes mortos no pântano, se transformam em terra fértil, vida. A Mãe-Terra Primordial!
Nanã é o aspecto anciã da Deusa, possui o conhecimento de tudo que já foi gerado, a compreensão de nossas dores e dissabores.
E, dona do eterno ciclo reencarnatório de todas as almas vida, morte e vida outra vez, numa eterna busca da elevação. Nanã é a própria Evolução Humana.
Sua regência:
- Pântanos, água parada, barro e lama
- Dia da semana – sábado ou segunda-feira
- Cores – roxo, lilás e branco
- Oferenda – batata doce roxa, jabuticaba, ameixa, vinho licoroso rosê
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