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Samhain – uma noite de travessuras


Acendam a fogueira! Está chegando à noite de brincadeiras e travessuras.


A bruxa veste sua melhor capa, pega sua vassoura e voa livremente para a grande Festa Ancestral.


A noite de 31/10 que antecede o 1 de novembro é de grande importância para os pagãos, momento em que o Portal para o outro mundo se abre, o tênue véu que separa o mundo dos vivos e dos mortos, está mais fino possibilitando o encontro.


Halloween tem grande poder; as bruxas e magos do mundo todo, praticam a arte da adivinhação e a comunhão com os mortos, nesta noite.



O Festival de Samhain, é conhecido pelos “não pagãos” como Halloween, a festa dos mortos. Muito famosa e festejada no hemisfério Norte e nos países como Irlanda e Escócia, onde se originou.


Samhain é um Sabbat solar, eu diria que um dos mais famosos, se não o mais famoso, por celebrar o Dia dos Mortos a alegria e festividade, o humor, e a afirmação da vida.

É uma festa desinibida para se comer e beber.



De origem Celta, Samhain era comemorado na véspera de 1 de novembro, início do inverno, contraparte escura da véspera de maio, que saúda o verão.


Para os Celtas era o próprio início do ano, véspera de ano novo, o momento misterioso que não pertencia nem ao passado, nem ao presente. Nem a este mundo, nem ao outro.



No Brasil Samhain é celebrado na véspera de 1 de maio. O inverno no Hemisfério Sul.



A História


Para os antigos pastores, cuja criação de rebanho era sustentada apenas por uma agricultura primitiva ou simplesmente por nada, manter rebanhos inteiros alimentados durante o inverno simplesmente não era possível, assim o estoque mínimo de criação era mantido vivo, e o resto era abatido e salgado – o único jeito, então, de preservar a carne, de onde vem o uso tradicional do sal em ritual mágico como um “desinfetante” contra males espirituais ou psíquicos.

Samhain era a ocasião em que este abate e preservação eram feitos.


As colheitas também tinham que ser recolhidas por volta de 31 de outubro, e tudo o que ainda não tinha sido colhido seria abandonado – por causa do Pooka (Púca), um mau espírito noturno que muda de forma e se deliciava em atormentar os humanos, o qual se acreditava passar a noite de Samhain destruindo ou contaminando tudo o que ficou sem ser colhido.



A comida ritual era conhecida como sowens, um item de alimentação em uso comum antigamente na Escócia, consistindo em matéria farinácea extraída do farelo ou cascas de sementes de carvalho imersos na água, deixado para fermentar levemente e preparado por cozimento.

Na Irlanda, barm brack, um pão ou bolo marrom escuro feito com frutas frescas é tanto uma característica de Halloween quanto é o pudim com relação ao Natal, e retém a função divinatória sazonal ao incorporar indícios que o feliz ou infeliz comedor encontra em sua fatia; anel, casamento em dozes meses; ervilha, pobreza; feijão, riqueza; vara, baterá no seu parceiro; trapo, solteirona ou solteirão.



Portanto, à incerteza econômica era adicionado um sentido psiquicamente sinistro, pois na virada do ano – o velho morrendo e o novo ainda por nascer – o Véu era muito fino.


Os portais das colinas das sidh estavam abertos, e nessa noite nem humanos nem fadas precisavam de qualquer palavra mágica para vir e ir. Nessa noite, também, os espíritos dos mortos amigos buscavam o calor do fogo do Samhain e a comunhão com seus parentes vivos.


“A Festa d’Aquela de cabelos Brancos”, a Deusa da Neve.

Isso era um retorno parcial ao caos primordial ... a dissolução da ordem estabelecida como um preludio para a sua recriação em um novo período.


Então Samhain era, por um lado, um tempo de propiciação, adivinhação e comunhão com os mortos, e por outro, uma festa desinibida para se comer, beber e a afirmação desafiadora de vida e fertilidade na própria cara da obscuridade que se aproxima.


Não há muitas dúvidas de que o Samhain dos tempos dos Celtas e Druidas, tinham uma característica de Propiciação, ou seja, ritual em que se procura agradar uma divindade, uma força sobrenatural ou da natureza para conseguir seu perdão, seu poder ou sua boa vontade, nos velhos dias, quando se sentia que a sobrevivência dependia dela, era um assunto severo e sério.


Podemos dizer que naqueles tempos ela envolvia sacrifício humano, os criminosos eram poupados para este propósito ou, na outra extremidade da balança, de um rei idoso; há pouca dúvida também, de que estas mortes rituais eram por meio do fogo, pois na mitologia celta e nórdica muitos reis e heróis morreram em Samhain muitas vezes numa casa em chamas, pegos em ciladas pelos ardis de mulheres sobrenaturais. O afogamento pode suceder à queima, tal como com os Reis de Tara do sexto século, Muirchertach Mac Erca e Diarmait Mac Cerbaill.


Mais tarde, o sacrifício propiciatório se tornou simbólico, e as crianças inglesas ainda sem noção do que estão fazendo, encenam este simbolismo na Noite de Guy.

Ecos do sacrifício real de Samhain podem ter sido mais tarde substituídos pelo sacrifício de animais.



A noite das fogueiras e fogos de artificio da Irlanda ainda é Halloween, e algumas das sobrevivências inconscientes são notáveis.

O hábito das fogueiras de Halloween também sobreviveu na Ilha de Man. Em Gales, a última centelha da fogueira de Halloween era extinta, todos subitamente ficavam nas pontas dos pés, gritando no tom mais alto de suas vozes “Que a porca negra de orelhas cortadas agarre o último!” a porca representava a Deusa Cerridwen em seu aspecto escuro.

Todos esses rituais de escolha de uma vítima, há muito tempo, se suavizaram em uma mera brincadeira. O que uma vez fora um sério ritual mortal na grande fogueira tribal tornou-se uma brincadeira nas festas das famílias.



Quando o fogo se apagava, “as cinzas eram cuidadosamente recolhidas na forma de um círculo, e uma pedra era colocada dentro, próximo à circunferência, para cada pessoa das várias famílias interessadas na fogueira.”


O rito da vítima sacrificial foi substituído pelo atual costume da festa de halloween e a animada adivinhação das nozes tostadas saltando no fogo.


O aspecto divinatório de Samhain é explicado por duas razões; o clima psíquico da estação o favorecia e a ansiedade acerca do inverno vindouro o exigia.


Originalmente os Druidas se fartavam com sangue e carne frescos até que entravam em transe e profetizavam, lendo as profecias do ano vindouro para a tribo.


Jovens mulheres buscavam identificar o futuro marido, assando nozes e interpretando o modo como saltavam as nozes ou conjurando sua imagem num espelho.

Outro método difundido era uma garota cobrir sua mesa com uma refeição tentadora, à qual o espectro de seu futuro marido viria e, tendo comido, ficaria


preso a ela. O espectro é naturalmente o corpo astral projetado, implicando que em Samhain não apenas o véu entre a matéria e o espírito era muito fino, mas também o astral estava menos firmemente preso ao físico.


As nozes e as maçãs de Halloween ainda têm seu aspecto divinatório na tradição popular; mas como a coleta das nozes de Beltane, seu significado original era o da fertilidade, pois Samhain, também era um tempo de liberdade sexual deliberada e cheia de propósitos tribais.

O Deus Angus Mac Óg, e o herói Cu Chulainn, ambos tinham casos em Samhain com mulheres que poderiam se transformar em pássaros; e em Samhain Dagda, o “Deus Bom” se casava com Morrigan “o aspecto sombrio da Deusa”.

Samhain, como os outros festivais pagãos, era tão profundamente enraizado na tradição popular que o cristianismo teve que tentar vencê-lo, e o aspecto de comunhão com os mortos foi cristianizado como o Dia de todos os Santos.


Quaisquer amigos mortos cujos espíritos poderiam fazer uma visita, as famílias irlandesas costumavam deixar um pouco de tabaco e um prato de mingau de aveia.


A Ceia Silenciosa pode ser realizada em honra dos falecidos queridos, e vinho e pão podem ser cerimonialmente oferecidos a eles, o pão na forma de um bolo feito em nove segmentos similar ao quadrado de Saturno.


Uma coisa Samhain tem sempre sido, e ainda é: uma festa lasciva e sem reservas, numa Noite de Travessuras, o começo do reinado daquele mesmo Senhor do Desgoverno, que tradicionalmente dura desde agora até Candlemas

Não nos rendemos à desordem, mas, como o inverno começa, enfrentamos o “caos primordial” de modo que possamos reconhecer nisso as sementes de uma nova ordem.



Sobre a questão da comunhão com os mortos, deve-se sempre ser lembrado que eles são convidados, não invocados. As bruxas não chamam de volta os mortos, elas não realizam sessões. Elas creem que, se os próprios mortos assim o quiserem, eles retornarão no Sabbat para compartilhar o amor e a celebração desta ocasião.

Qualquer convite aos amigos mortos, em Samhain ou qualquer outra ocasião, deve ser feito com esta atitude em mente.



As tradições locais devem sempre ser respeitadas – especialmente se for uma tradição genuinamente viva.



O ritual de Halloween é intimamente relacionado com a morte e aos mortos, ele deveria terminar com uma solene e intensa reafirmação da vida.




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